29 de junho de 2017

Vamos fazer... Ginjinha...

Com elas... ou, sem elas !!





Das bebidas licorosas artesanais... a Ginjinha é das mais populares e de tradição portuguesa. 
Além das tascas lisboetas especializadas na sua venda a cálice ou a copinho, com ou sem elas, outras localidades também têm as suas Ginjinhas afamadas.




Ganhou a sua notoriedade após os finais do século XIX. Em Lisboa. Curiosamente essa criação foi realizada pelo Galego Francisco Espinheira.

A zona de produção da ginja de Óbidos e Alcobaça fica situada entre a serra dos candeeiros e o Oceano Atlântico, o que condiciona a existência de um microclima muito especifico. E associados a outras carateristicas muito significativas, diferenciam-se das ginjas de outras regiões.

Desta forma, em 2016 a Ginja de Óbidos e de Alcobaça, passa a ser Produto Protegido por Bruxelas !!!




E a minha Ginjinha surgiu... após alguns motivos !!

- Uma aguardente que foi destilada em alambique artesanal de cobre...
- Esteve guardada numa adega... ao longo de 20 anos...
- Estes dois garrafões originais... também lá estavam...
- E um deles para nossa surpresa... continha um resto de Ginjinha, com 15 anos.
- Jamais tinha-mos guardado Ginjinha por tantos anos. A cor estava ligeiramente alterada... mas aquele licor "esquecido", estava magnifico.

Esta aguardente, foi proveniente da colheita (vindima) de uvas na quinta.  
Cá em casa, a aguardente é utilizada inteiramente na cozinha...  para a exigência das recitas.
E... para preparar a Ginjinha, que ficava sempre ao cuidado da mãe... e distribuía depois pela família e amigos.



 
Entretanto a mãe adoeceu, em 2007 e veio para o Porto. Com a evolução da sua doença diminuímos as visitas à quinta, acabando por ficar-mos os últimos quatro anos sem lá ir... e ao voltarmos claro ,que deparamos com surpresas e alguns episódios pitorescos. Como desconhecer...que ainda existia aqueles benditos garrafões. Que além de eu os adorar... aquele resto  de Ginjinha guardada pela mãe... foi uma doce lembrança!! 
Dividiu-se um pouquinho... por pouquinhos... e agora só resta mesmo este... pouquinho !!




Só conheci este licor quando voltei de Moçambique, em 1973. Tinha um famíliar que todos os anos preparava a Ginjinha e o licor de Lúcia-Lima,  que é de um paladar extremamente delicado. E daí, ficou a tradição. Todos os anos em Junho, que é o seu mês, se preparava a Ginjinha.

Após tantos anos, voltei a fazer a nossa Ginjinha. Com uma aguardente muito velha, e da melhor qualidade. Com os frutos no seu estado de  maturação perfeito. Aguardo bons resultados.
Não há mesmo como uma ginjinha feita em casa e sem pressas. Destaca-se essencialmente pela cor avermelhada, uma boa percentagem em açúcar e uma acidez intensa que torna o eu sabor único.




Os licores são uma bebida alcoólica doce... composta por álcool ou aguardente... ao qual se adicionam frutas, ervas, flores, sementes... e muito mais...




Estas são: as proporções dos ingredientes. A capacidade dos recipientes será consoante a quantidade de "licor" que preparar. 
Pessoalmente, aprecio a ginjinha preparada com aguardente bagaceira, o paladar é muito peculiar. Esta aguardente é obtida pela destilação do mosto fermentado das partes solidas da uva, cascas, sementes ou grainhas e até cachos. A aguardente vínica é obtida partir da destilação dos melhores vinhos.

1 kg de ginjas
1 litro de bagaço de boa qualidade
1 kg de açúcar
4 paus de canela




Preparação:

Enxaguar as ginjas para retirar o pó e coloque sobre papel ou pano para que absorva o excesso de humidade e retire os pés.
Deitar as ginjas no recipiente escolhido (que deve ter um bocal largo) e a quantidade não deve ultrapassa 1/3 da capacidade do recipiente. Numa panela deite a aguardente, os paus de canela, o açúcar e coloque no lume. Mexendo sempre e em baixa temperatura para que o açúcar se dissolva ligeiramente. Não deixe que a temperatura fique superior ao toque da pele e verta então na vasilha sobre as ginjas. Com uma espátula, rapa tudo, retire o açúcar que fique agarrado às paredes da panela. 
Arrolhar bem a vasilha e agite para que as ginjas se envolvam bem na calda. Guardar em lugar escuro de preferência, e pelo menos uma vez por dia, agitar para que o açúcar depositado no fundo da vasilha se vá dissolvendo.
Estando o açúcar completamente dissolvido, guarda-se a vasilha em local fresco... até ao ano seguinte.
Há sempre impurezas, e em parte provenientes de resíduos que se soltam das ginjas. Coa-se o licor e distribui-se por garrafas.

Após o açúcar dissolvido, vão "hibernar" 10 a 12 meses. Em local escuro e fresco.






Reservei uma pequena quantidade neste frasco, para poderem observar a tonalidade que já foi adquirida numa semana. Aqui, como é menos quantidade, o açúcar já se dissolveu.






Alguém, também bom apreciador de Ginjinha, aconselha: quando fizerem a ginjinha... não façam só uma garrafa... acaba num instante... e o fruto, só vem novamente em Junho.

Fico triste de não poder deixar uma melhor imagem destes "gémeos"... para as próximas, os vidros já não terão reflexos. 




Aqui nesta foto, ainda se vê o açúcar por dissolver.

23 comentários :

  1. Querida Rosa, adoro ginjinha, por mim tomava já um belo cálice! :) Beijinhos
    --
    O diário da Inês | Facebook | Instagram

    ResponderExcluir
  2. Querida Rosa,
    Estou encantada com suas fotos, receita e relato, você escreve com a alma!
    Eu nunca fiz nenhum tipo de licor, estou preparando extratos de baunilha, limão e laranja, quanto mais apurados ficaram o sabor fica melhor.
    Com as bebidas também são assim demoram para apurarem os sabores.
    Por aqui só encontramos cerejas frescas no final do ano.
    Vou ficar com a sua receita para fazer com outra fruta, amo uma bebidinha, rsrs.

    Beijinhos, fique com Deus!

    ResponderExcluir
  3. Oi Rosa querida, bt!
    Que fotos lindas, parabéns!
    Eu não conheço ginjas, mas se aqui tivesse eu já ia correndo preparar essa delícia. Hummm, que pena, fiquei frustada! kkk
    Bjsss amiga

    ResponderExcluir
  4. Gosto de bebericar uma ginjinha! As fotografias ficaram encantadoras!
    bjns

    ResponderExcluir
  5. Querida Rosa: deve ter tido um gostinho bem especial este restinho de ginjinha ainda do tempo da tua mãe.As cerejas, por aqui, eram coisa muito rara e nunca fizemos licor com elas.Agora, felizmente, já as há com fartura, mas como gosto imenso delas, quase não resta uma para contar a história.Vou querer experimentar este licor para o poder servir no Natal ( achas que já estará bom nesta altura?).
    Os garrafões são lindíssimos. Adorei as fotos!
    Bjn
    Márcia

    ResponderExcluir
  6. Olá Rosa! Adoro ginjinha, é mesmo o meu licor de eleição. Este ótimo post fez-me recordar os tempos em que o meu avó fazia ginjinha. Nós os netos mais novos ficávamos fascinados com aquelas garrafas "gordinhas" cheias de gingas no fundo... quando chegou a altura de provar o apetecível licor, adorei e sempre me faz recordar o meu avó e a sua estimada garrafeira que tinha um pequeno balcão com dois bancos altos e ficava num anexo no quintal da casa. Um sítio tão tentador para brincar às lojas e onde nunca podíamos entrar sozinhos... tempos tão doces...
    Adorei as fotos, as preciosas garrafas e a maneira encantadora como sempre escreve e apresenta os seus posts.
    Bom resto de semana.
    Beijinhos,
    Ana

    ResponderExcluir
  7. As fotos estão lindas também gosto muito de ginjinha mas têm que ter a ginja dentro para poder saborear melhor no final. Beijinhos bom fim de semana.
    https://asreceitasdasisi.blogspot.pt/

    ResponderExcluir
  8. Que fotos fantásticas,...mesmo não bebendo estou tentada a experimentar!
    Beijinhos,
    Espero por ti em:
    strawberrycandymoreira.blogspot.pt
    http://www.facebook.com/omeurefugioculinario
    https://www.instagram.com/marysolianimoreira/

    ResponderExcluir
  9. oi Rosa não conheço essa fruta mas pela cor o sabor desse licor deve ser maravilhoso,adorei os garrafões e as chaves bjs Rosinha

    ResponderExcluir
  10. Que delícia Rosa! Nunca fiz, mas agora fiquei cheia de vontade! As fotos ficaram lindas!
    Beijinho e bom fim de semana!
    http://asreceitasdamaegalinha.blogspot.pt/

    ResponderExcluir
  11. Olá Rosa
    Bem parecida com a nossa cereja.Já fiz alguns licores,mas esse ficou com uma cor tão bonito,hummmm,parece delicioso.Qualquer dia desses tento fazer com a cereja.
    Beijos,abençoado e feliz mês de julho!

    ResponderExcluir
  12. Rosa, por onde você andava?
    Essa fruta parece cereja, não é?
    Não conheço.

    ResponderExcluir
  13. Parece uma delícia. Beijos
    Seguindo seu cantinho
    http://encantosdasil.com/

    ResponderExcluir
  14. Que boa partilha não só da receita, mas também da história.
    As fotografias são maravilhosas e ninguém repara nos reflexos ... :)

    beijinhos

    ResponderExcluir
  15. Que delicia, adorei os garrafões, lindos.
    Bjos tenha uma ótima quinta.

    ResponderExcluir
  16. sempre bom aprender um bocadinho por aqui!
    A minha avó faz sempre ginjinha! Ainda agora tem lá uma série de garrafas em repouso!
    Um beijinho querida

    ResponderExcluir
  17. Através das dicas da Internet eu já fiz alguns licores com os frutos que colho, como tenho + de 1 centena de kgs, vou celesionar as mais madurinhase seguir as instruções da interlocotora.
    Nota: se eu não gostar irei convidar a D. Rosa para as provar pois irei fazer para umas dez garrafas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá José Maria,
      Fico agradecida pela visita e, se seguir as instruções terá um ótimo licor. Aliás, quando os produtos são de boa qualidade os resultados: correspondem sempre às expectativas.

      Excluir
    2. Optimo, vou tentar fazer esta especialidade.

      Excluir
  18. Oi Rosa,um dos meus licores favoritos,há 4 anos deram -me uma receita 1k de ginjas,1k de açúcar amarelo,1 litro de aguardente e 1 litro de vinho tinto,fica divinal,bjs

    ResponderExcluir
  19. Bom dia.
    Tem um óptimo aspecto.
    Fica um licor grosso? Pastoso?
    Obrigada
    Teresa

    ResponderExcluir
  20. Boa tarde,
    Gostava de saber se alguém é fornecedor de ginjas, pois pretendo comprar, para fazer a "minha" receita.

    ResponderExcluir
  21. Olá Nuno,
    Aqui no Porto só comprei duas vezes. A primeira vez que adquiri foi em 2017 e no Corte Inglês, são a das fotos. Excelentes e de boa qualidade. Em 2018 não consegui encontrar. No ano passado também adquiri no Corte Inglês, mas foi num fiasco. Como tinha feito a reserva e já estavam embaladas quando as fui buscar não me apercebi da situação. Se tivesse visto o fruto iria rejeitar certamente. O preço foi muito elevado e a qualidade do fruto deixou muito a desejar. Bago muito grande e cor de uva tinto. Ainda estão em infusão até Junho, mas o paladar, sem duvida que não é de ginja. Nos mercados grandes, há também a possibilidade de encontrar. Boa sorte e obrigada pela visita.
    Um abraço

    ResponderExcluir