24 de outubro de 2014

Caril de Frango... E Despertar Lembranças





Este tradicional prato Indiano e caraterizado  por uma  seleção de  especiarias, é falado  e degustado em todo o mundo. Há muitas variantes com receitas de caril que gosto de fazer: frango, cabrito, de camarão ou lagostins, mas ainda existia um crustáceo mais especial que fazia as nossas delicias e que  elegi como  fazendo o melhor caril. Era com um caranguejo especial  apanhado em braços de mar e em terras negras e lamacentas.


























Foi em Lourenço Marques (Maputo) que provei pela primeira vez o Caril... e preparado com as especiarias escolhidas por nós, e adquiridas no mercado Xipananine, que  tinha de tudo um pouco. Ainda existe, noutro contexto, mas ainda lá está! Havia um envolvimento de exotismo naquele espaço, que eu ainda criança, sentia-me encantada.

Nas tendas Indianas, as especiarias com os seus tons e aromas despertavam-nos para paragens distantes e míticas... Mas naqueles momentos, o caril e a Índia... Estavam tão próximos. E eu vigiava com atenção as especiarias escolhidas, cada qual com cor diferentes e depois de colocadas num saco de papel deixavam que os aromas nos envolvessem. 






O colorido e exotismo de frutas e legumes expostos parecia uma palete de cores...  Os vendedores colocavam os seus produtos em pequenas  bancas. Mais destinados às mulheres, que expunham no chão os seus produto sobre um pedaço de pano ou nas capulanasque sempre as acompanhava. 

Havia um pouco de muitas coisas,  e também especialidades provenientes da agricultura que exerciam para subsistência. Feijão Landimpedaços de cana-de-açúcar que trincava-mos com gulodice, folhas de abóbora para fazer entre outros, como a Matapa, belíssima especialidade com camarão seco e amendoim  moído no pilão. 

Era um sem conta de trivialidades, mas tudo com a sua prioridade. Desde ferramentas a uma invulgar  variedade de plantas que usavam na medicina  alternativa. Recolhi algumas imagens da Web, atuais, bem diferentes daquele Xipamanine, que eu aos onze anos visitava com meu tio, aos domingos. As tendas Indianas devem ter desaparecido, mas deixo uma imagem diferente da original. Só para recordar, as cores que eu tanto gostava. 

Com a escolha desses aromas e naquela paz... de Domingo... preparava-mos o nosso Caril !! 





Ingredientes

1  frango de campo com 2 kg
1  cebola grande (350g)
1 dl de azeite
6  dentes de alho, grandes
10  cravinhos
2  paus de canela médios
1  colher de chá, cheia, de cominhos
4  colheres de sopa de caril, Margão, é o que me dá confiança 
3  piripiri
2  tomates grandes bem maduros (500g) 
1  frasco ou lata de leite de coco
1  limão
1  pedaço de gengibre ralado (1 colher de sopa bem cheia)
1  batata, média
1  maçã doce, média
1  raminho de salsa
750ml de leite
100 g de coco seco
200 g de arroz agulha de boa qualidade


































 Antes de iniciar as seguintes etapas, vai preparar o leite de coco: coloque numa panelinha o leite, o coco e pode deixar hidratar por 1 hora. Ligue depois o lume no mínimo e deixe a mistura ferver brandamente 30 minutos ou um pouco mais. Triture bem com a varinha e deixe arrefecer para que a sua mão suporte a temperatura do leite. Coe o preparado sobre para um pano limpo e isento de aromas,  e torça o máximo que puder,  reserve. O sabor fica excelente. Experiente e verá a diferença. Procure sempre o leite de coco, de boa qualidade.
  • Na véspera corte o frango em pedaços pequenos, tempere com o sumo de limão, um pouco de sal, 3 alhos esmagados, 2 cravinhos (desfazer as cabecinhas), 1/2 pau de canela, uma pitada de cominhos e um pouco de azeite. Envolver bem todos os temperos e guardar no frio.
  • No dia seguinte, refogar lentamente a cebola com os alhos e o gengibre ralado até ficar translúcida, juntar os cravinhos, cominhos e o pau de canela, cozinhe mais um pouco e junte o frango, vá mexendo enquanto refoga um pouco e comece a perder a cor de cru, deite o tomate triturado.
  • Envolva tudo muito bem, junte a salsa e deixe ferver 10 minutos. Deite metade do leite de coco, mexa e junte o caril, após ferver mais 5 minutos deite o restante leite de coco. Deixe fervilhar em lume muito brando, acrescente a batata cortada em rodelas grossas, retifique os temperos e um pouco antes de terminar a cozedura adicione a maçã ralada. Estar atento para não cozer em demasia.
  • Os tempos de cozedura variam com a qualidade do frango. Para frango normal meia hora é suficiente. Para frango do campo (2kg) pode atingir 50 minutos a 1 hora. A cozedura torna-se relativamente rápida devido ao frango ser cortado em pequenos pedaços e, aliás, não deve cozer em demasia para os pedaços de carne se manterem inteiros.
  • A adição da batata, é para amaciar o molho. 





  • Preparação do Arroz: Utilize um recipiente grande, que possa levar 3,5 a 4 Litros de água. Quando a água estiver a ferve coloque o sal, lave o arroz em água abundante, escorra bem e deite na panela em que a água ferve. Mexa bem  colher de pau e deixe levantar fervura novamente, reduza o lume para médio mexa delicadamente mais uma vez e deixe cozinhar destapado. Tempos de cozedura dependem da qualidade do arroz, mas após 15 a 20 minutos vá retirando uns bagos e verifique. Quando estiver pronto retire do lume e deite 1l de água fria para parar a fervura e, de imediato escorra muito bem. Para aquecer, solte-o bem com um garfo e leve ao forno. Este arroz para ficar solto, deve ficar cozido mas com o grão firme.

Vou deixar algumas imagens do atual Mercado Xipamanine. São fotos que retirei da web.


Uma foto muito antiga




Plantas Medicinais




















As plantas medicinais nunca faltaram neste espaço. Fazem parte integrante da cultura destes povos


Passaram-se décadas, mas as tradições mantiveram-se no Mercado Xipamanine











Belos produtos... Biológicos e ricos em cor e sabores
































...linda paleta de sabores!!



























9 comentários :

  1. Olá minha querida!
    Hummmmmm...que aroma gostoso, hummmmmm...!
    Postagem rica, cheia de histórias e fotos maravilhosas!
    Fiquei impressionada com o tamanho do caranguejo, quanta faruta
    esse postagem, adoro especiárias.
    Belo prato, ingredientes perfeitos!

    Bjs, ótimo final de semana junto a sua família ♥

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  2. Boa tarde Maria Rosa
    Gostei de ver e saber um pouco sobre essa diversidade da culinária Indiana.
    Ficou suculento e de dar água na boca seu prato.Hummm,tudo de bom!
    Beijos,que seu domingo seja de bençãos.

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  3. Olá Rosa!!!
    Adoro seu cantinho, a gente tem uma aula maravilhosa e ainda leva uma receita de brinde!!!
    Beijos e um maravilhoso final de semana pra ti! =)

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  4. oi Rosa bela receita adoro essas cores e o aroma me encanta também bjs Rosinha

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  5. Olá Rosa! Muito obrigada pela visitinha ao meu blogue ;))) Não conhecia o seu mas vim cá espreitar e adorei! Já estou a seguir ;))

    Beijinhos
    food&emotions
    http://fefoodemotions.blogspot.pt

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  6. Olá Rosa querida é um prazer imenso te conhecer e a seu espaço, desde já agradeço o carinho, que lindo blog tu tens cheio de delícias e informações, vc também tem uma gatinha chamada Mia que maravilha adorei !!!, vou seguir e levar teu link comigo, bjs e semana abençoada, Ana ♥...

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  7. Que blog maravilhoso! Estou apaixonada!
    Beijos

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  8. Rosa querida, como gosto de ler seus textos sempre tão ricos em detalhes e contados de uma maneira gostosa de se ler. Adorei as fotos do mercado Xipamanine, quantas cores, vci algo que não vejo a muito tempo a babosa. E quantos ingredientes saudáveis, dá vontade de levar de tudo um pouco. Adoro especiarias e a culinária indiana. Amei seu prato, certamente ficou saboroso e muito aromático. A apresentação está um primor. Beijinhos amiga

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  9. Querida Rosa,
    escolhi este post para agradecer os votos de feliz Ano Novo deixados no meu cantinho. Aqui os retribuo.
    Fiquei muito emocionada com este texto que li e reli até secar as lágrimas! Eu vivi em Lourenço Marques, eu também ia ao Xipamanine e também, em Moçambique, aprendi a gostar de caril. Comia matapa quando a minha empregada insistia em oferecer-ma, feita na casa dela e, nesse dia, obrigava-me a fazer a bola de mandioca com os dedos e a molhar no molho picante da matapa de camarões secos e folhas de abóbora. Era bom!!!
    Casei-me lá em 69 e tive uma filha em 70 e um filho em 73. A filha mais nova já nasceu em Coimbra, em 77.
    Dei aulas de Português na Escola Preparatória da Malhangalene e depois na Escola do Noroeste. Ía por 2 anos, fiquei 7... e ADOREI África!!!...
    Não sei se já lhe tinha dito isto, mas nunca me canso de falar daquela terra e daquela época de que guardo tão boas recordações.
    Assistimos, no Estádio de futebol, à cerimónia da independência.
    Vamos tentar encontrar-nos? Eu iria adorar!
    Um beijinho, num apertado abraço

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